Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
A professora de música Claudia Ribeiro Bellochio, 53 anos, diz que não existe canção boa ou ruim, mas, sim, diversos motivos que levam pessoas a ouvirem diferentes estilos. Entre esses fatores que impulsionam a busca pela música, estão diversão, frustração, desejo de melhorar o humor e, ainda, necessidade de desenvolver a socialização e a motivação para viver. Para o gastrocirurgião Fernando de Oliveira Souza, 67 anos, a música é uma maneira de aprender a lidar com o estresse da profissão. Ele encontrou, nas partituras, um novo motivo para seguir trabalhando e criar novas habilidades. Para eles dois e para muitas outras pessoas, os acordes ajudam a ressignificar a vida com o passar dos anos.
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- À medida em que vamos envelhecendo, vamos perdendo algumas habilidades do corpo. Precisamos no adaptar e não largar o exercício físico e mental. O cérebro precisa ser trabalhado, para melhorar nossa condição de vida. Isso ajuda na prevenção das doenças típicas da terceira idade - diz ele.
Souza diz que, em função de a medicina ser uma área que leva o profissional à exaustão, muitos médicos procuram formas para recuperar as energias. Ele encontrou no piano uma maneira de colocar a tensão para fora e de usar, sem moderação, um remédio que se mostrou sempre eficiente.
- Quando eu era criança, se estivesse bravo, a música me acalmava. Com o passar do tempo, vi que era a hora de ter um instrumento, e o piano me acompanha em situações diversas há cinco anos. Tocar e ouvir música combate o envelhecimento do cérebro - afirma Souza.
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Conforme o geriatra Flávio Domingues, a música ajuda a manter a paz e a curar doenças clínicas e mentais.
- Ela é ótimo para ajudar na memória, auxilia nas doenças do coração e as demências mentais - diz o médico.
PAIXÃO DE CRIANÇA
A música também é um alento para a alma do professor aposentado da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Adalberto Meller, 71 anos. Ele conta que, desde menino, já tocava nas missas da igreja que frequentava e chegou a ter uma banda por quase cinco anos na juventude, chamada Os Flintstone. Mas, com o começo da faculdade, o grupo se desfez, e o professor não teve contato com a música até o dia em que decidiu que era chegada a hora de reatar esse amor antigo.
- Faz uns cinco ou seis anos que retornei para os teclados. E tem sido uma bênção em minha vida. Com mais alguns amigos, decidimos montar uma banda. Todos os integrantes são da terceira idade, menos o vocalista. E deu muito certo. O melhor de tudo é que, além de termos o bem da música, só tocamos para ajudar outras pessoas. As arrecadações que conseguimos com nossos shows são todas doadas para lares de idosos e colégios da periferia. Saímos de cada apresentação com a sensação de dever cumprido - diz o professor aposentado, com o olhar de satisfação de quem consegue ajudar o próximo com uma paixão que mantem desde criança.
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Souza completa dizendo que o mundo musical é uma espécie de boia, que o ajuda a não afundar e o coloca sempre para cima, melhorando a autoestima.
REGENDO O CORAL
O músico Nei Beck 54 anos, rege o Coral Municipal Vertente de Prata, em São Sepé, desde 2001. Ele conta que, antes, o grupo tinha integrantes de idades variadas, mas que, atualmente, voltou-se mais para a melhor idade.
- O objetivo é melhorar a qualidade de vida dessas pessoas. Muitos chegam aqui sem razão nenhuma para seguirem a caminhada e é nosso dever, meu e dos outros cantores, ajudar essa pessoa com a autoestima. Mais do que cantar, temos como foco fazer esses idosos participarem ativamente do grupo. Todas as músicas que escolhemos têm uma mensagem positiva na letra, para fazê-los refletir. Ao final de todos os ensaios, também nos juntamos e fazemos uma oração para agradecer pela vida - conta o cantor.
Beck ainda diz que vários cantores que chegaram ao grupo com depressão já estão melhores e seguem cantando.
- É um envolvimento de todo o coral, quem tem carro busca quem não tem, organizamos festas, encontros, damos apoio uns para os outros. E a música é só um pretexto para nos encontrarmos - alegra-se Beck.
BENEFÍCIOS DA MÚSICA
A terapeuta ocupacional Thamires Ineu de Oliveira, 26 anos, diz que a música proporciona muitas vantagens a quem a pratica, entre elas, o desenvolvimento motor dos idosos. A profissional também aponta vantagens para a saúde de quem desenvolve atividades com música:
- O convívio social melhora
- Atividades com música previnem doenças
- Quem trabalha com música mantém a mente saudável
- A terapia com música ajuda na recuperação de pessoas que sofrem com doenças mentais
- Ajuda na coordenação motora
*Colaborou Natália Venturini